segunda-feira, 1 de maio de 2017

Até sempre, boleiros!


Não é de hoje que me pego pensando na importância que o nosso grupo – não apenas o virtual, no Whatsapp – tem em minha vida. E creio eu, em nossas vidas, irmãos boleiros do norte. Falo sobre essa rede de amigos que formamos, bem sólida, viva, que aproxima há quase 10 anos gente boa de semelhante, nesse quesito, por meio do futebol, do entretenimento, dessa paixão que nos iguala. Universitários, estagiários e posteriormente trabalhadores, e até mesmo, por ora, desempregados, somos nós, amigos da pelada e, até antes dela, para a vida.

Somos nós, como diria o mestre que recém nos deixou Belchior, rapazes latino-americanos, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes e vindos do interior. Vindos de São Mateus, de Nova Venécia, do Norte de nosso distinto Espírito Santo, para correr atrás de melhores oportunidades. Na Capital, agregamos valores aos nossos, aprendemos, conhecemos e agregamos, também, os metropolitanos para o nosso convívio diário, sempre a partir dos imperdíveis clássicos no Gigante de Santa Lúcia. Tantos falam, como eu também, e repito: futebol nunca será um simples jogo.

Às quintas, segundas, terças, perto de meia-noite ou pouco depois do trabalho, já mudamos de horário, de local, de bola. Mas a nossa essência permanece, sempre a mesma. Informalmente fazemos avaliação para que um novo pretendente ganhe nossa confiança e possa fazer parte de nossa pelada. Os critérios? Simplicidade, compromisso, respeito, e, de preferência, noção de bola. Não serei hipócrita. E é assim que vamos ganhando cada vez mais adeptos e integrantes – sim, sabemos o quanto admiram o nosso grupo. Os desafios da vida nos distanciam de alguns que fazem muita falta. Saíram de perto, momentaneamente ou não, para disputar competições bem desafiadoras, colocar em prática projetos, sonhos, alegrar também outros grupos. E eles estão no nosso hall dos boleiros. Torcemos um pelo outro, até porque o futebol é coletivo. Um só vence se todos vencermos, juntos.

Temos, hoje, laços firmes, mais fortes até que imaginávamos quando começamos a jogar. Amizades foram formadas, boleiro divide república com outro; sou, graças sobretudo ao convívio que a pelada nos deu, padrinho do filho de um grande amigo boleiro; primos de uma querida família se tornaram nossos irmãos; os rocks, as geladas, as resenhas, as tabelas, as crônicas, os uniformes, os churrascos, o nosso gostoso dia a dia tão nostálgico para uns, e tão presente para outros. Como diz um irmão boleiro, brincalhão e sensível a nossa amizade, valorizemos essa família que formamos, os momentos, as peladas – muitas vezes um dos poucos lazeres que temos e oportunidade para estarmos com quem nos sentimos bem. Queria escrever estas palavras para vocês, fui postergando, mas esta mudança que já sabem me instigou a reverberar o quão essencial são para mim. Mantenhamos essa prática, essa rotina prazerosa, essa união. Porque eu fui ali, mas já volto. E quero logo estar novamente em campo e no dia a dia com vocês. Obrigado, a cada um, de coração.


Do boleiro Raia, Ursão, Big Bear, Presida, o seu amigo.

Um comentário:

Unknown disse...

Bom aprendizado no novo desafio! Belas palavras para descrever o prazer das peladas!! Obs: ainda bem que juri pegou leve comigo no critério "noção de bola"!!! Kkkkkkk um abraço!