quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A batalha de Santa Lúcia

Se não a mais, foi uma das que chegaram ao pódio das mais disputadas. De invejar os calorosos embates entre mateenses e venecianos, sempre cheios de disposição e técnica. Essa foi a definição da Batalha de Santa Lúcia, na noite de ontem, que foi contemplada com contagem errada do site - 13 jogadores em vez de 12 - estreia, voltas e participações especiais de eternos integrantes do grupo. O mais esperado do baba, especulado já nas horas que antecediam o clássico, era nada mais nada menos que um mateense bom de bola, jogador profissional ainda vinculado a um clube carioca. Entretanto, para surpresa de alguns: o segundo a ser escolhido. O primeiro, quase uma unanimidade, o Mito, regente de um dos exércitos.

Lembremos outros ingredientes requintados para a peleja. Foram eles: David Beckham mais uma vez em campo, já que aproveitou a vinda à Capital para rescindir contrato com o ex-clube e marcou presença; o zagueirão neocarioca, integrante de honra do Boleiros do Norte, Cascadura como o bairro em que morou no Rio, o quase sempre espoleta e inteligente ponta flamenguista, de pisante novo, à la Kaká e o falastrão pseudo-avante motivador Gordo Abreu. Sem tirar o prestígio dos demais atletas, dignos de prêmios de coadjuvante, se lembrarmos principalmente o golão por cobertura do meia no diminutivo, em lance estilo Chaves "sem querer, querendo".

Vamos aos fatos! Coletes distribuídos, gorduchinha rolando e gorduchinhos, aos poucos, se movimentando. David, após curta passagem pelos Pampas, ainda indeciso sobre escolhas recentes, cometeu falha primária ao cobrar lateral e entregou de bandeja o primeiro tento nos pés do miúdo maravilha carioca; me apropriando do linguajar do CM, pra quem já jogou. O segundo veio logo depois. E o terceiro e quarto. O revezamento era necessário, já que, dessa vez, havia um step, um boleiro sobressalente, um banco de luxo. Do quarto em diante, o equilíbrio reinou, a partir do momento em que o Mito, de letra, desviou forte chute a gol. Defesas emblemáticas em jogadas bem trabalhadas. De um lado, o pivozão, inspirado, acertava bons passes, até mesmo de calcanhar. Segundo ele, Dr. Sócrates o invejou. É. Só falta começar a fumar, amigo!

Lance crucial

Diante de uma louvável recuperação, mesmo com derrapadas do camisa 8 britânico, recém chegado do Reino Unido e com a contribuição positiva de DB7, recuperado da falha inicial ao marcar gols importantes e oportunistas para que a equipe encostasse no placar, quando o score apontava 10 a 9, o Gigante de Santa Lúcia parou para admirar uma pintura. O estreante mostrou seu cartão de visitas, riscou o chão com os pés, pincelou a pelota, que, milimetricamente ludibriou os dedos do bom goleiro aracruzense e rabiscou a retangular meta, de cima pra baixo. Rede balançada, 11 a 9, obra de arte assinada! Continuo nesse tom pitoresco, porque uma tabela bem feita também não deixa de ser plástica. E foi assim que o meia inglês, o dono da criança, entregou a pequena para o astuto ponta, recebeu de volta à feição e, com um simples toque, embalou o 11 a 10. Um suspiro para o time que, cinco minutos depois, saiu derrotado.

Nesses 300 segundos finais (jornalista sabe fazer conta também) o que se viu foi uma batalha épica, digna mesmo dos 300 espartanos (valeu, Robgol!) contra um poderio ofensivo arrebatador, que, só não aniquilou o adversário, por causa da entrega, disposição alheia e ironia do destino, porque não?! Chute cara a cara e, na pequena área, quando o empate parecia eminente, Gordo Abreu, seguindo o instinto arqueiro, conseguiu engolir a bola, de costas. Parecia mesmo ser a sina dele jogar com a parte traseira. Linha de passes entre o camisa 8 e Mito, passe retribuído de chaleira, sem goleiro, era só escorar para o gol. Como uma machadada mortal, a zaga do time vencedor se jogou na redonda, evitou a igualdade e, minutos depois, deu-se fim à batalha de Santa Lúcia. Dessa vez, a justiça foi feita e os troianos saíram vitoriosos.

 Dizem que a vida imita a arte. Mas, aqui, no nosso mundo boleiro, de brincadeiras, peladas e resenhas, um complementa o outro.

Um comentário:

Caio Clyde Seedorf disse...

Sou seu fã numero 1. Resenha quase perfeita, n fosse essa palhaçada de Gordo Abreu engolir a bola com a parte traseira. Nada disso, ela pegou na perna. Foi ilusão de ótica. kkkkkkkkkkkkkkkkkkk. No mais, Dr Socrates deve ter se contorcido no Túmulo ao saber das jogadas lindas do Avante Uruguaio - Holandes de calcanhar. kkkkkkkkkkkkkkkkk